ORAÇÃO DOS NAMORADOS
ELE:
Oh! Deus, permiti, pois, que esta que está
Ao meu lado permaneça sempre aqui,
Que seu sorriso me dê o que me dá:
Segurança e denodo pra seguir.
E quando em breve estivermos unidos,
Assim pelas leis dos homens casados,
Então pelas leis divinas ungidos,
Nossos corpos, fortemente, atados,
Eu terei tempo de mudar o mundo,
Pois saberei de sua eterna amizade
E contarei com seu amor oriundo
De uma relação feita de verdade.
E assim, num futuro não tão distante,
Contaremos às novas gerações
O quanto foi bom vivermos amantes
E termos unidos os dois corações.
ELA:
Oh! Deus, fazei que este moço que está
Ao meu lado, de minha alma amado,
Continue, como agora, a me amar,
Sereno, amigo e sempre denodado.
E um dia quando estivermos casados,
Eu, amparada no seu lindo braço,
Seus firmes passos pelos meus guiados,
Nós dois unidos sem nenhum embaraço,
Eu terei força pra enfrentar a vida,
Pois saberei de sua grande amizade
E poderei, por seu riso impelida,
Vencer na vida sem temeridade.
E quando a velhice chegar, sem dor,
Diremos a todos, de boa vontade,
Como foi lindo e vero o nosso amor
E quão grande nossa felicidade.
OS DOIS:
Amém!
DECRETO PROIBITIVO
Está decretado a partir deste dia
A proibição a qualquer tipo de doença
Enquanto se estiver amando,
Para o bem do amor e da alegria..
Indisposição, nem pensar, jamais,
Pois deixa os beijos e os abraços lassos,
Tosse só se for acesso de desejo,
Para que se dê, no outro, muitos amassos.
Conjuntivite, aí é de morrer!
Como se vai o ser amado mirar?!
Dengue! Pior. Essa é que não,
Queremos dengo e gestos de amar.
Pneumonia é ruim demais.
Imagine não poder suspirar.
Enxaqueca, ai, eu não quero dormir!
A não ser são, para com ela sonhar.
Sai asma, bronquite, rouquidão,
Sífilis, tuberculose, gastrite,
Mal-do-século, malária,
Hipertensão, coqueluche, faringite.
Vêm com tudo disposição e bem-estar.
Quando se ama se precisa de saúde,
Fortuna, sorte e felicidade,
Amor o dia inteiro, constante, amiúde...
SONETO DO BEIJO
(Porque beijar é bom demais)
Por que fechamos os olhos ao beijar?
Grande mistério para os que não amam
Mas está claro aos que se apaixonam:
Quem ama só o ente amado quer mirar.
Quando os lábios começam a se tocar,
As pálpebras lentamente se apagam,
Os corações rapidamente acalmam,
É a magia do amor a se manifestar.
Os sinos tocam, do alto caem lírios,
O resto são flores, sonhos, delírios
O balé das mãos que se tocam no ar...
Logo a respiração fica ofegante,
Inicia-se a revolução pujante,
Inicia-se por fim o ato de amar!!!
DESTINO
Homem e mulher, a que se destinam
Para o entrelaçamento amoroso,
Para o riso farto depois do gozo,
A união cheirando à fresca resina.
Antes no varandim, as mãos unidas,
A lua fitando mesmo sem vê-la,
Ou no barzinho, ouvindo estrela,
Só este pensamento une duas vidas.
Na favela, caatinga ou mansão,
Sem pejo, enigma nem mistério,
Homem e mulher, lúbricos, se olham.
O amor, o sexo movem uma nação.
Que digo! Galáxias inteiras se amam!
E nisso não há nenhum despautério.
SONETO ANTICIÚME
“O ciúme é a véspera do fracasso
E o fracasso provoca o desamor.”
(Alceu Valença)
Quem bem ao seu amado quiser
Das garras do ciúme fugirá.
É um sentimento demoníaco!
E só em torpes corações é que está.
Quantas vidas p’rele foram ceifadas...
E dizem com lágrimas a rolar:
─ Foi por amor, meu Cristo, que eu matei.
Punidos, os pecados vão purgar.
Uns dizem sem as palavras medir:
─ O ciúme é que é o tempero do Amor.
Que burrice! Se ele só traz a dor!
Por isso, amantes que estes versos lêem,
Desfaçam-se rápido desse inferno,
E vivam um grande amor, sincero, eterno.
SONETO DA RELAÇÃO
(Baseado na crônica de Rubens Alves)
A questão é mera e não requer cola:
Seu enlace é tênis ou frescobol?
Não pode ser do tipo futebol,
Porque envolve dois seres e uma bola.
Se tênis, meus pêsames, é mortal!
Se frescobol, parabéns, é brinquedo.
Se tênis, nele reina ódio e segredo!
Se frescobol, parceria total.
Pois se joga tênis pra derrotar.
Seu erro é a alegria do companheiro,
Já que a ação preferida é cortar.
Frescobol é jogo de cooperar.
Aqui, dialoga-se o tempo inteiro,
Logo, felicidade é acertar.
DIÁLOGO DA VIDA INTEIRA
A existência inteira é um diálogo!
Neste, entre seres, por demais franco,
Há um jovem afogueado a discutir
Com um velho já de cabelo branco.
O jovem, elétrico, agita os braços.
Assim, não pára um minuto sentado.
O velho, a cismar, com um sorriso brando,
Fita o chão, antes, por ele riscado.
O jovem, rebelde, é uma fogueira,
De chama, sensação e atitude.
O ancião, observando, logo pensa:
“Assim já fui, na minha juventude”
O jovem diz, entre riso nervoso:
─ Para mim, tudo tem que ser agora!
O velho ouve para depois falar:
─ O abraço o beijo, tudo tem sua hora.
Para o jovem, o gozo dessa vida
Precisa rápido se realizar.
O ancião, fitando a teia do tempo,
Diz: ─ Até isso, filho, pode esperar.
Os dois, cansados dessa brigaria,
Abraçam-se, e para casa se vão,
Porque a casa deles dois é a mesma,
É um prédio chamado coração
Amor é o nome do sábio, paciente,
quieto e tranqüilo ancião.
O outro, que atiça os sentimentos,
Atende por este nome: Paixão.
AMOR E POESIA
Fazer versos é como fazer amor.
Em atos ambos, a pressa tem que ser desprezada,
O cuidado, inexoravelmente, enaltecido.
O ser amado como o papel cuidadosamente
Sonhado
Festejado
Mirado.
Ela te dá o prazer do gozo dia após dia
Ele a alegria de não te repetires.
Cada palavra é um beijo,
Cada verso uma carícia,
E paulatinamente o poema se vai construindo,
E calmamente os corpos se constringindo.
Até o momento máximo da poesia realizada (o poema),
Até o sublime êxtase do líquido jorrado (e recebido).
Examina teu poema...
Contempla tua amada...
E,
Sem te preocupares com a resposta de Pessoa,
Pergunta-te se vale a pena amar qualquer uma,
Indaga-te se o poema não tem hora.
Fazer verso é como fazer amor.
TEXTÍCULOS
DIAS DOS NAMORADOS
Quando o sol do dia doze brilhar,
Ah! Meu amor, para você, beijos mil
À tarde, abraços loucos vão te apertar,
À noite, cala-te boca, é segredo, Psiu!.
FADO
Vi teu nome
No pára-brisa do tempo
E descobri
Que o nosso destino
Veio com o vento
Nas asas da criação.
QUARTO CRESCENTE
Vi-te um dia
Não sei por quê
Veio-me a alegria
Travestida de você!
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