sábado, 16 de junho de 2018

OBJETIVOS E SONHOS



Me pego refletindo sobre sonhos e objetivos. Isso se deu durante a assistência a um vídeo de uma competição de patinação no gelo. O que me levou a pensar sobre o sonho não foi a graça da moça ao deslizar pela pista, com seu vestido branco e seu sorriso impune; não foi a beleza da música que a acompanhava, cuja sonoridade emudecia a plateia e fazia prender a respiração; não foram os movimentos precisos, ritmados e encantadores.
O que me levou a refletir sobre o sonho e o objetivo é a pobreza deste. Como são pequenos os objetivos! Passar num vestibular, tornar-se médico ou professor, fazer um bom casamento. Os objetivos não levam a nada, pelo contrário, são levados por planejamentos tão pequenos quanto eles. Planejar uma profissão, um casamento, uma viagem é tão banal quanto ir ao supermercado, ou concluir um curso de mestrado.
Mas o que me entristece e me chateia é que, hodiernamente, muitas pessoas sequer tem um objetivo. Então como ter, parir e alimentar um sonho!!! Pessoas que não têm um objetivo de vida não vivem, apenas existem. São como as baratas, que sobreviveram a todas as catástrofes que assolaram este infeliz planeta, mas cuja evolução não andou um centímetro.  A verdade triste é que nossos jovens atualmente não sabem sequer o que é isso, objetivo de vida. A preguiça mental em que os envolveram as redes sociais e, consequentemente, a falta de leitura determinou o surgimento de uma geração nada. Não fazem nada, não querem nada, não sabem nada e não leem nada. Não tem sequer um objetivo. O máximo que fazem é almejar, e isso é muito menos do que objetivar. Almejam tão pouco, uma notazinha acima de zero na escola, umas pancadas no violão e umas vozezinhas desafinadas. Seu apogeu é o sexo, banal, um orgasmozinho de nada, muitas vezes, quase moda,  com outro indivíduo do mesmo sexo, o que aumenta, creio, o vazio da imcompletude.
Sonhar é algo sublime, da esfera espiritual. É inerente aos seres superiores, que atingiram uma completude de alma e carne, atingiram o limite entre o ser mortal e o divinal, com um passo na eternidade. Quando vejo Cristiano Ronaldo jogando, não vejo em seu semblante a busca de um objetivo, vejo-o voando, volitando sobre os mortais, superando-se e ensinando a superação. Lindo, quase robô, sem emoções, só sonho. Perfeito, soberano, deste mundo, mas não da mediocridade deste mundo, superior, da essência superior. É o mesmo sentimento que sentia quando via Airton Sena desafiar os limites da velocidade, para superar os centímetros que permitiam a ultrapassagem. Ali, era sonho que transbordava em sua realização. Quando via Hortência respirando e eliminando, de seu corpo, tudo que era físico, para atingir a perfeição no arremessar a bola em direção a sexta. Foi este o sentimento que tive quando vi a patinadora voar, alçada pela melodia e externar toda a alegria que habitava seu belo ser num sorriso encantador.
Que Deus continue abençoando todas as pessoas deste pobre orbe. As que têm objetivos e as que ainda não se tornaram viventes. E que continue iluminando essa plêiade de sonhadores, para que possam edificar a poesia que ainda existe, para inspira os músicos que têm a mão na mão de Deus, que tem nos pés a luz divina e no riso a graça divina.
(Professor Alves; junho, de 2018)

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