Li na Galileu deste mês, julho de 2011, uma matéria super interessante (SEM TROCADILHO), cujo título é “Liberdade sem Fio”. Trata-se de uma matéria que busca chamar a atenção das autoridades mundiais de comunicação sobre a necessidade de se “socializar” o acesso à internet, disponibilizando-a para quem pode, para quem não está podendo e para quem não pode mesmo dispor de uma banda larga. A ONU já definiu como “direito fundamental do ser humano” o direito à grande rede, tal qual é a Educação e é a Saúde. Pelo que entendi, da leitura que fiz, há um grande contingente no mundo inteiro preocupado em tornar isso realidade. Aqui no estado do Ceará, até onde eu sei, as escolas públicas, que deveriam abrir seus laboratórios às pessoas que sequer têm um computador em casa, deixam seus equipamentos às baratas até que a maresia lhes dê cabo.
Mas o que me trouxe às teclas foi um fato que presenciei. Um grupos de crianças brincando de futebol no asfalto. Sempre que vinha um carro, um garoto de plantão gritava, avisando para que os outros interrompessem a partida. Ao lado, porém, de onde acontecia isso, havia um condomínio, com uma grande quadra ociosa. Ao lado da quadra o condomínio dispõe de um campo de futebol gramado. Veio-me então a lembrança do texto que vi na Galileu. Refleti por que não se proliferar a “diversão sem fio”! Por que não socializar a existência, a felicidade? Por que não liberar a quadra desses condomínios que não estão sendo ocupadas por seus condôminos para crianças que fazem do asfalto seu gramado particular?
É comum vermos campos “socytes” espalhados pela cidade de Fortaleza, numa profusão fenomenal. Onde há um terreno, dias depois nasce um campo “socyte”, em que são cobrados cem reais a hora para se “brincar de bola”. Assim como há pessoas interessadas em que se liberem as senhas e transformem as cidades num espaço cibernético livre, por que não fazer o mesmo com esses campos “socytes” e com os espaços dos condomínios fechados? Creio em que se esses garotos do asfalto não podem pagar para brincar nos gramados, como algumas pessoas não podem pagar para acessar à internet, não poderão jamais. Se liberássemos esses gramados em momentos ociosos a esses garotos, estaríamos, não só protegendo-os dos carros, mas dando-lhes lição de solidadriedade, que com certeza seria, por eles mesmos, ensinada, mais tarde, a outros.
(Por Professor Alves)