De Jessier Quirino a José Alencar
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Há quinze dias presenciei um fato lamentabilíssimo. Uma moça que se dizia juíza, exibindo sua carteira, dando a velha carteirada, tentava entrar sem pagar no “show” de Jessier Quirino (“show” não, espetáculo, pois "show" é de banda de forró pra baixo), no teatro José de Alencar. O porteiro dizia que não tinha permissão para lhe permitir a entrada. Comprei o bilhete, entrei, e a confusão ficou. Não vi o desfecho. Mas lamentei o fato. Por que uma cidadã juíza, que ganha pelo menos vinte mil reais, não quer pagar trinta reais para assistir a um “show”, digo, espetáculo? Não quer pagar para assistir seu time de coração jogar? Não quer pagar para assistir a um filme no cinema?
Isso me envergonha, pois são essas mesmas pessoas que falam em justiça social. Então reflito: um pobre assalariado que ganha quinhentos e poucos reais, se quiser assistir a um “show” qualquer tem que pagar, enquanto um juiz, cujo salário é QUARENTA VEZES mais não paga ou não quer pagar!!! Como se pode difundir cultura neste país com esse tipo de atitude? Dá pra alguém responder? Aceito respostas de juízes, se forem capazes.
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Mas essa indignação me tomou de súbito porque uma ideia nefasta me assolou ainda de madrugada: quem está pagando a conta do enterro de José Alencar? (Não há trocadilho com o teatro onde se apresentou Jessier Quirino, foi sem quer) Desculpo-me pelas lágrimas roladas país afora, não estou pondo em xeque a pessoa do digníssimo Ex-vive presidente. Só quero saber quem está pagando a conta. Porque, com certeza, como vice-presidente ele nunca pagou entrada em cinema, teatro, “show”, ou melhor, espetáculo do maravilhoso Jessier Quirino, ou a entrada no estádio para ver seu time do coração e dos bofes jogar. Por isso quero saber quem vai pagar sua entrada no céu ou no inferno. Viagem de São Paulo a Brasília, em caixão de primeira classe, de Brasília para Minas e de lá para onde Deus quiser. Não me digam que foi a família, até porque hoje é primeiro de abril, Dia da Mentira, e eu não vou acreditar. Mas se foi realmente, perdão, tudo bem. Mas se foi o contribuinte, aí é de lascar! Porque se o contribuinte não paga o enterro de um indigente, por que tem de pagar o de um ex vice-presidente?
(Professor Alves, 01 de abril)