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sexta-feira, 4 de junho de 2010

MEMÓRIA

Nossa memória é interessante. 
Há coisas que nos aconteceram há apenas uma semana, mas delas não nos lembramos. 
Outras aconteceram quando ainda éramos pequenos, entretanto lembram-nos como se tivessem acontecido há pouco. 
Outras nem aconteceram, nossa memória, porém, forja uma ilusão de lembranças. E cremos nelas tanto que com elas completamos algumas lacunas da nossa existência.

E há pessoas as quais nossa memória lembra-nos de sua existência, desde o momento em que a vemos pela primeira vez, a todo instante e tão amiúde que não conseguimos respirar sem delas lembrar.
                (04/05/2010) 

sábado, 8 de maio de 2010

João Nogueira Jucá




JOÃO NOGUEIRA JUCÁ
MÁRTIR E HERÓI
(Por Professor  Alves)

Neste mundo há gente de toda estirpe,
Sendo cada qual com seu cada qual,
Pois há gente que só pensa em si mesma,
Muitos outros para fazer o mal,
Gente insípida, incolor, inodora,
‘Inda sobram muitos que vivem a esmo.

Também gente de todo credo e cor,
De vária orientação sexual,
Gente capaz de toda ruindade,
De carne e osso, gente irreal,
Gente, parece, que nem alma tem
E gente capaz de muita bondade.

Mas é destes de que quero falar.
Poderia citar de todo o mundo,
De Madre tereza, Gand até Chê,
Capaz de desprendimento profundo;
Cristo, Lennon e Rodolfo Teófilo,
De Chico Xavier a quem me lê.

Mas o que me trouxe a essas teclas
Com quem luto, tentando tirar versos
É um fato havido aqui no Ceará,
Que deixou meus olhos submersos,
Um ato de surpreendente heroísmo,
Fica difícil até de contar.

Permitam-me, então, os deuses que eu tenha
Muito engenho e força para narrar,
E que tenha talento e lucidez
Para levar até o fim o meu cantar,
Para que do ocorrido nada esqueça,
Que use palavras de assaz nitidez.

Transcorria o dia quatro de agosto
Daquele nono ano dos cinquenta
Era Fortaleza ainda pacata,
(Atualmente está que ninguém aguenta)
Famílias viviam em harmonia,
E os mestres orgulhavam-se da bata.

Um jovem transitava calmamente,
Seu nome, João Nogueira Jucá,
Dirigia-se então à academia,
Quando uma explosão se fez escutar,
Na Casa de Saúde César Cals
O fogo tudo estava a devorar.

Enquanto muita gente se assustava
O rapaz, de apenas dezessete anos,
Muniu-se de seu espírito heroico
Adentrou o recinto sem pensar em danos
Com imensurável espírito altruísta,
Enfrentou o fogo de modo estoico.

Salvava vidas que não conhecia,
Como que guiado por mãos divinas,
Bem antes da chegada dos bombeiros,
Tirava do perigo muitas sinas,
Salvando quem acabava de nascer,
Dava vida por muitos no braseiro.

Entanto em determinado momento,
Pelo seu denodo foi convocado,
Para retirar tubos inflamáveis.
Com seu ser plenamente devotado,
Resolveu logo aceitar a missão
De retirar troços indesejáveis.

Quando de pronto todos olharam,
Deu por fim outra enorme explosão.
O fluido vazou de um dos grandes tubos
Atingiu-o o que gerou grande lesão,
Mas o fogo, ao invés de pará-lo,
Era tal qual do destemor adubo.

Continuava o nosso insigne herói
Agindo para salvar pacientes,
Mesmo com todo o corpo consumido
Por enormes chamas incontinêntis,
Só depois de muita vida salvar,
foi, então, que o herói quedou-se abatido.

As pessoas estavam estáticas,
Diante de grandioso heroísmo:
O valete de todo coração,
Denodado e com imenso altruísmo,
Sem pensar, em nenhum, minuto em si,
Doava a própria vida pelo irmão.

E assim, durante toda uma semana,
Depois do fato ter-se consumado,
Ficou João no leito do hospital,
Pelas enfermeiras ali tratado,
Queimando, sereno, calmo, tranquilo,
Seu nome já notícia de jornal.

Quando seus pais a ele perguntavam
─ João, meu filho, isso muito lhe dói?
Ele, rindo, aos genitores, dizia:
─ O fogo por dentro ainda corrói,
Mas a alma está realizada,
De novo, fosse preciso, faria.

A seu pai aquilo nada estranhava,
Porque, em Messejana, certa vez,
Numa cacimba morrera um ancião.
João com grande tristeza na tez
Dissera dessa maneira a seu pai:
─ Eu daria a vida por esse irmão.

Portanto foi com grande desespero,
Assolada por enorme tristeza,
Que no dia onze daquele mês,
Quedou-se insana toda a Fortaleza,
À morte inglória daquele estudante,
Mas feliz, Perante grande altivez.

O jovem João Nogueira Jucá
Foi então transladado ao solo profundo,
Seu corpo deixado no cemitério,
Fechou os olhos enfim para o mundo,
(Turvaram-se muitos outros com lágrimas)
Abrindo-os por fim para o mistério.
(16/08/07)

terça-feira, 23 de março de 2010

NOVAS CENAS, VELHAS IMAGENS

Até hoje não entendi por que a televisão gasta tanto dinheiro na produção de notícias sobre determinados eventos. O carnaval, por exemplo, era bastante que ela, a imprensa, reeditasse imagens de outros carnavais, pois as bundas são mesmas, os peitos também, embora um pouco mais caídos. Até o número de mortos e feridos é o mesmo.

Se não vejamos! Você está em casa, terça-feira de carnaval e liga a tevê e lá está o repórter, ou a repórter em meios a um monte de gente suja de goma, gritando feito índio, certo de que estão se divertindo. Do outro lado, na serra, está outro monte, desfilando roupas finas, ouvindo jazz, blues, tentando se convencer e também aos outros de que estão adorando, pois são "chics". Precisa filmar a mesma coisa todo ano? Pelo amor de Deus!! Não seria mais prático e muito mais barato apenas reeditar as imagens?

Certas estão as emissoras de rádio locais, que não mandam mais ninguém aos campos de futebol, aproveitam-se das imagens das tevês a cabo. E fazem o maior sucesso de audiência.

E o que dizer das eleições! As histórias são sempre as mesmas: candidatos a prefeito ou a governador, sem falar nos presidenciáveis, repetindo as mesmas promessas. Se estão tentando a reeleição, prometem fazer o que não fizeram ainda. Se tentam pela primeira vez, criticam os que lá estão, e prometem o que nunca farão, até hoje não sei onde eles conseguem ser tão imaginativos, e/ou cínicos. E ainda há um monte de gente besta, entre eles muitos funcionários públicos, candidatos a vereador, que lá estão, possivelmente tentando um lugar em algum circo, ou apenas para pegar a licença do período. Enquanto isso os candidatos a cargos executivos e as candidatas distribuem risos falsos e tapinhas nas costas, sonhando já com o montante de dinheiro que desviarão para as suas contas. Seria tão fácil apenas reeditar as palhaçadas do período eleitoral anterior, pois até os nomes são os mesmos.

Essas histórias das mesmas cenas não dispensam nem a, antes SANTA, semana. Vejam as cenas deste ano e compare com a dos anos anteriores. Até mesmo as notícias são as mesmas, do tipo, "o peixe está mais caro que no ano passado, donas de casa pesquisam para tentar comprar o pescado mais barato; as fábricas de chocolate estão oferecendo grande variedade de chocolate", sério!? E depois, "O feriado da Semana Santa foi mais violento do que o período carnavalesco".
Vale a pena ouvir as mesmas coisas todo ano? Eu, hem!

(Professor Alves Andrade)

DIGNIDADE


REFLEXÕES SOBRE DIGNIDADE
Quando nascemos, Deus nos dá algo tão valioso como uma barra de ouro: nossa dignidade. Ela é nossa riqueza espiritual e individual, com a qual, se soubermos utilizá-la, conseguiremos todas as riquezas materiais. Claro que não precisamos de tanta, pois corremos o risco de perder o mais importante.

O mais importante para qualquer ser humano é a dignidade, sem ela não temos força moral para conquistar nossos objetivos. Se não a mantivermos íntegra, com o tempo, ela se tornará em algo semelhante a uma barra de ferro, que não vale 0,5 centavos de real.

Mas como perdemos nossa dignidade? Perguntam uns. Outros responderão de pronto: “quem trabalha colhendo lixo para sobreviver, não tem dignidade”. Ledo engano. Conheço muitas pessoas que trabalham no lixão dia após dia, mas cuja dignidade está inalterada. Apesar da condição sub-humana em que labutam, erguem a cabeça para qualquer um sem vergonha do que fazem, pois compram com seu trabalho o pouco que têm. Numa matéria sobre essas pessoas exibida por uma emissora de tevê, pessoas após esse rude trabalho, continuavam felizes, criando filhos felizes, pois são dignos da felicidade, possuem dignidade.

Perdemos nossa dignidade quando, pouco a pouco vamos nos expondo a situações constrangedoras. Na escola, quando somos chamados à atenção, na rua quando faltamos com desrespeito com pessoas mais velhas, no trabalho, quando não cumprimos com nossos deveres. Aos poucos vamos nos tornando cínicos, pois já não temos amor próprio. Nossa barra de ouro vai se gastando e o ferro do nosso caráter vai aparecendo, até o dia em que não valemos 0,5 centavos de real.

O pior é que há pessoas cuja dignidade se mantém inalterada até certa idade, algumas até à velhice. Súbito, sucumbem a tentações várias e perdem seu tesouro maior. Aparecem na frente das câmaras ou dos amigos de cabeça baixa, com a boca amarga pelo gosto do fel que elas mesmas criaram. Eu já conheci pessoas nessa situação, coitadas, não sabem o que de fato perderam. Mas agora é tarde.

Portanto não deixemos que nossa barra de ouro se transforme em algo sem valor, como um carro invejado, cujo destino, se não cuidarmos, será ferro velho.
PROFESSOR ALVES, 25 DE NOVEMBRO

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A PERENIDADE TEXTUAL

A PERENIDADE TEXTUAL
(Por Professor Alves)

        

    É incrível como alguns textos conseguem ser eternos. Essa perenidade, entretanto, não é privilégio de todos os escritos. Apenas alguns conseguem ser perpétuos. Entre eles está O Último Discurso, de Charles Chaplin. Talvez quando o autor o compôs não tivesse o intuito de perpetuar as ideias nele presentes. Quiçá o fizera apenas para seguir as orientações americanas contra o Nazi-facismo. A atualidade de seu programa, bem como a existências de governantes inescrupulosos responsabilizaram-se pela eternidade do discurso.
            O texto é na verdade um apelo à união dos povos contra as tiranias e uma apologia das qualidades humanas. Isso está claro na afirmação “Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo.” Mais a frente Chaplin vai-nos lembrar que a tecnologia (à época, a aviação e o rádio; hoje, a televisão, a telefonia, a internet) é “um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós”, e na sequência arremata “lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais”.

 

            Não obstante o fato de essas ideias percorrerem o globo dia após dia, hoje, mais do que nunca, se propaga a cultura do indivíduo, do egoísmo. Hitleres há em toda parte, embora camuflados de democratas, pseudo-realidade do mundo moderno. Em função da cultura do eu. Querem um exemplo? No seu comentário esportivo de hoje (28/09/2007), Juca Kfouri iniciou dizendo:
            − 27 de setembro de 2007, dia de Marta. Numa referência ao bom futebol exibido pela atacante brasileira contra a seleção dos Estados Unidos. Não é de se estranhar que quando um repórter a entrevistou ela tenha proferido:
            − EU sou assim...
Claro! Se os comentários exibidos no dia anterior já a individualizaram, tornaram excelência perante as outras, enalteceram o indivíduo em detrimento do coletivo! É óbvio que ela também o faça. Esquecem-se de que o grupo poderia vencer sem ela, ela não o faria sem o conjunto. Pois são como formigas, que só realizam prodígios em conjunto. Sozinhas são ínfimas; unidas, porém são imbatíveis e eficientes. É assim que somos.

            É assim que políticos (meu objetivo é este sim), colocando-se como representantes do povo, desprezam amiúde o coletivo, agem peremptoriamente em proveito próprio, a ponto de um senador, quando da absolvição do outro, cujo nome me dá nojo até digitá-lo, disse a uma emissora de rádio que os senadores não podiam atender ao apelo popular e assim cassar o facínora porque o povo não sabe o que quer, "o povo não está por dentro do que acontece dentro do Congresso"

.
 
            E é assim que políticos de todas as cidades do país se preparam para uma guerra particular que desenvolverão em 2008 (hoje 2010) para atingir seus interesses particulares. É por isso que a prefeita de Fortaleza listou 21 projetos que executará em 2008 (o mesmo agora acontece em 2010), ano de eleição (por que não os realizou antes?). Isso está acontecendo também na sua cidade! Mas o pior de tudo é que os de sempre estão se preparando para a eleição e arregimentando o povo para defendê-los em praça pública. O Povo ingenuamente vai para as ruas brigar, discutir, morrer pelos seus candidatos, esquecendo-se de que eles sãos os mesmos que, na eleição passada, prometeram lutar por interesses coletivos, ofereceram melhor Educação, Saúde e Segurança e nada fizeram.



                        É por isso que nos sentimos no direito de parafrasear as palavras de Charles Chaplin: Eleitores não se entreguem a esses brutais... que os desprezam... que os escravizam... que arregimentam as suas vidas... que ditam os seus atos, as suas idéias e os seus sentimentos! Que os fazem votar no mesmo passo, que os submetem a uma alimentação regrada, que os expõem à violência, que negam a seus filhos o direito a uma Educação de verdade, que os tratam como um gado humano e que os utilizam como marionetes! Vocês não são irracionais! Humanos é que são! E com o amor da humanidade em suas almas, saberão finalmente encontrar o caminho, que não o do voto, mas o da união, da solidariedade, da cooperação.
(28/09/2007)

Esse texto, que foi escrito em 2007, como atesta a data, poderá ser publicado em 2020, se não nos cuidarmos, continuará atual. 

quinta-feira, 2 de julho de 2009

REFLEXÃO SOBRE ÉTICA

REFLEXÃO SOBRE éTICA

Certa vez um aluno chegou-se a mim e perguntou sobre a questão da crase facultativa. Depois de devidamente esclarecido, ele me disse que sua professora tinha considerado incorreta uma questão sobre pronome possessivo e o uso do acento grave. Eu o aconselhei a falar com ela, que com certeza se enganara e, assim, reveria sua posição. Fiquei então pensando como a professora ficaria feliz por seu aluno ter aprendido as regras do uso do sinal de crase, inclusive os casos facultativos!
Entretanto a professora passou-lhe uma descompostura, conseguiu que ele fosse suspenso por desacato e ainda por cima acusou-me de não ter ética profissional. Fiquei então pensando o que é ética. Eu sou assim, conheço um monte de coisas que ninguém sabe e desconheço aquilo que é lugar comum. Fui então pesquisar sobre o assunto. Li um monte de coisas a respeito, mas nada me foi elucidador. Vi várias definições de filósofos, sociólogos, psicólogos, e nada. Depois compreendi que esses caras não sabem nada e pensam que sabem tudo.
Resolvi, pois, ver isso na prática. Decidi acompanhar jornais e revistas que trazem notícias sobre as atitudes dos seres humanos mais éticos. Analisei posturas de políticos e sua insaciável fome de poder; atitudes de pessoas ligadas à lei, muitos vendendo sua alma ao diabo por uma quantia em dinheiro, para, ao morrer, deixar aos herdeiros de suas misérias morais; pessoas comuns e profissionais diversos negando aos clientes o direito de ser verdadeiramente beneficiados com seu trabalho...
Depois de algum tempo, compreendi finalmente o que é ética (nego-me a usar inicial maiúscula) e o que é ter ética. ética é a arte de conviver com a raça humana. Sim porque lidar na selva, por exemplo, com leões famintos, hienas carniceiras, sol causticante e lutar pela sobrevivência é fichinha diante da difícil convivência com a volúpia humana. Ter ética é mentir e deixar mentir. Se não quiser mentir, não o faça, mas não impeça que outros mintam. Roubar e deixar roubar. Não quer roubar? Não precisa, mas o que você tem com o roubo dos outros? Burle a lei, transforme o princípio da publicidade da gestão pública em atos secretos. Não quer? Deixe para seu colega no senado que ele gosta. Se você quer ser responsável no seu trabalho, problema seu, mas querer que outros sejam também! Pô já é faltar muito com a ética. Ser desonesto é uma dádiva do indivíduo ético. Feche os olhos, você não tem nada a ver com isso, ou então tenha: junte-se a eles. A traição e a ingratidão são talvez a maior virtude das pessoas éticas, seja em casa, no trabalho ou com os amigos, depois é só dizer que foi necessário, abraçar os seus e está tudo novo.
Depois de chegar a essas conclusões, fique feliz por, como disse a professora mencionada, não ter ética, pois sendo assim não faço nenhum mal a sociedade. Mas depois fiquei triste por saber que a grande massa humana está sob a regência dos detentores dessa alta virtude.
(Professor Alves)

terça-feira, 30 de junho de 2009

PARA UMA CRIANÇA DE OITO ANOS

PARA ISABELE, NO SEU ANIVERSÁRIO DE OITO ANOS


Isabele, hoje que você está comemorando seus oito anos, tenho algumas palavras para você. Primeiro queria dizer-lhe que me esforcei para fazer um poema bem bonito, que você lesse e ficasse com orgulho e dissesse para suas amigas: “Vejam só o que meu padrinho fez para mim!!” Mas não deu. Talvez minha já parca inspiração tenha se intimidado diante desse momento tão grandioso. Sim porque fazer OITO anos é o momento mais significativo da nossa existência. Afinal aos oito anos já estamos em um décimo da vida. Casimiro de Abreu fez seu mais belo poema em homenagem aos seus oito anos. Ou (a inspiração) tenha se inibido diante de sua beleza e de sua esperta sapiência.
Segundo, queria deixar meus sinceros votos de felicidade, e dizer-lhe que para ser feliz não é preciso muito esforço. É suficiente, para isso, que não envelheça por dentro, é preciso manter eterna a criança que nos habita aos oito anos de idade. É preciso que mantenha acesa a inocência desse momento, mesmo que depois o mundo se descortine com suas maldades e perversidades. Feche os olhos e os ouvidos a tudo isso e os mantenha anchos para as coisas boas, para as coisas simples, para a bondade humana. Admire o voo das borboletas, mas não deixe de torcer pela sorte da lagarta; ilumine-se nos raios de sol, mas não deixe de refletir o mundo por entre os pingos da chuva; deixe seus lábios sempre abertos em pétalas de sorriso, mas sem edificá-lo na amargura alheia. Não esqueça o mais importante: cultive amigos! Amigos de verdade, que estejam com você em todos os momentos, como naquela história do homem e do peixinho (lembra?). Tenha-os em abundância, como o jardineiro às flores, como o avaro ao dinheiro. Quando crescer, escolha uma profissão que lhe dê um mundo de conforto, mas que seja útil ao semelhante; que lhe dê prazer em realizá-la, mas também que apraza aos outros, principalmente aos mais necessitados.
Desculpe-me pela ausência da poesia. Sei que ela um dia virá, fomentada no sorriso que baila em seus lábios e na inocência que rodeia seu ser. Não será digna de uma publicação, mas espero que traga consigo uma boa dose de pureza e sabedoria.

Professor Alves

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

DÊ UMA CHANCE A PAZ


IMPOSSÍVEL SONHAR
Professor Alves

“Minha mão não tem mais palma!
Dói em reverência! Violência calma!”

Hoje queria escrever um texto no qual fizesse transbordar minha admiração infinda pela humanidade, que levasse aos olhos do leitor lágrimas de felicidade e lhe desse uma vontade enorme de sair às ruas e cumprimentar seus semelhantes. Queria contar uma história, pequena que fosse, mas que narrasse uma atitude digna de uma espécie a qual se orgulha de ser racional, e que servisse de exemplo para toda humanidade, principalmente à que se diz cristã.

Não, hoje eu não queria falar em políticos e seu cinismo indecente, diante da população rota, transida pela falta de tudo que lhes dê uma condição minimamente humana. Hoje eu queria dormir tranqüilo, ter sonhos bons que elevassem meu astral para o dia seguinte.

Queria falar sobre o sorriso das crianças; do amor, verdadeiro, dos anciãos; da ingenuidade dos namorados; da puerícia das cartas de amor; do infinito mistério do beija-flor e da impossibilidade do besouro.

Mas não é possível, depois do que eu presenciei. Uma cena indigna da inteligência humana. Foi um sonho dantesco, porém indigno da Divina Comédia Humana. Numa avenida, há tão pouco tempo calma, porém, já hoje, tumultuada pelo ir e vir dos carros, ironicamente, próximo a uma escola. Após uma pequena colisão, dessas que se vêem a todo instante numa cidade que cresce, sem nenhuma estrutura para dar alicerce a esse crescimento. O proprietário do veículo colidido, de arma em punho humilhava o outro, o vilão daquele sinistro. Enquanto vociferava, ordenando que o outro entrasse no seu veículo e fosse embora, mudava o revólver de mão. Naquele momento, como os cabelos de Sansão, a arma empunhada lhe dava poder, e ele crescia perante o outro, que, humilhado, constrangido, diminuía, apequenava-se diante da superioridade da arma. Não sei quem era maior, se o revólver ou o homem que se escondia por trás dela. Não sei quem era menor, se o homem humilhado ou a sua dignidade. Súbito percebi que a humilhação não era privilégio dele, ela era coletiva Todos que por ali passavam, fechados nos seus escudos de aço, sentiam-se abatidos por aquele homem poderoso e sua arma. Em câmara lenta, (Essa era a velocidade do momento, uma vez que a cena tornava-se infinita como num filme de John Woo), o homem com a moral destroçada entrava em seu carro.

Não vi o desfecho da cena. Não precisava. O desfecho foi a morte do homem, suposto responsável pela colisão. Impossível alguém sair vivo, pelo menos moralmente, depois de passar por aquilo. Infelizmente hoje à noite terei pesadelos.

(Fortaleza, 29/04/08)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O SAL DA TERRA


O SAL DA TERRA

“Vós sois o sal da terra. E se o sal é insípido, com que se há de salgar? Servirá apenas para ser jogado fora e ser pisado pelos homens.”

Voltando para casa, sete e meia da noite, mais ou menos, vejo um furdunço urbano. Uma turba jazia ante um cadáver, sobre o qual profissionalmente já se debruçava o fotógrafo da “perícia”. Ladeando a cena, dois carros do já famigerado “Ronda do quarteirão”. Passando lentamente, mais por curiosidade que por impedimento, pude vislumbrar o pé do ex-vivente. Era um pé pequeno, desses que ainda não trilharam muitos caminhos nem o farão por já não terem futuro. Era uma criança. Quantos anos? Não importa. Era uma criança. Causa mortis? Bala. Motivo: tentativa de assalto. Não, ele não foi assaltado. Tentou fazê-lo e o resultado foi esse.

Infelizmente, não se trata de um fato isolado. Acontecimentos como esse ocorrem todos os dias numa cidade como Fortaleza. O que me leva a narrá-lo aqui, a dedos frios e coração palpitante foi o fato de me virem à mente naquele momento as palavras do mestre: “Vós sois o sal da terra...” E se o sal não tem sabor? Na verdade, quando Jesus disse isso não estava pensando em salvar almas, mas estava dizendo para todos os jovens, que são o sal da terra, a luz da vida. Mas infelizmente cada vez mais o sal está perdendo o sabor, e a luz, o brilho. Sem educação, sem orientação, o sal já não serve para dar sabor à vida, somente para ser pisado, humilhado, manipulado pelos outros.

Minha ignorância diante de algumas coisas me constrange às vezes. Uma vez, ante uma prateleira de supermercado, ainda lembrando as palavras do sábio filho de José, fiquei impressionado com a variação de preço do sal. Ao que um senhor me acorreu explicando que o valor do sal oscilava de acordo com o grau de pureza, ou com a procedência. Quanto mais refinado, mais caro se torna. Pensei assim que mesmo aqueles jovens que ainda têm algum sabor precisam ser refinados, pois mesmo que não sejam jogados fora, serão mal aproveitados, serão discriminados na prateleira do mercado de trabalho. Não sei como um país quer alcançar o topo onde se encontram os países de primeiro mundo sem refinar seu sal, sem lhe tirar as impurezas, sem lhe acrescentar a quantidade de iodo necessária!

Infelizmente, enquanto não houver vergonha na cara das autoridades, nossa juventude será sal grosseiro, daquele manipulado por mãos rudes, molhado no sal das lágrimas e suor. A falta de iodo no refino levará ao bócio social. Um grande número, crescente a cada dia, sem gosto, será jogado fora, pisado pelos homens; alguns servirão para enrijecer a argamassa que se multiplicará em prédios país a fora; e só alguns poucos servirão para a mesa do “chef” francês.

(Professor Alves)

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O CIRCO DA MINHA INFÂNCIA


Muitas coisas da nossa infância nos assaltam de vez em quando. O interessante é que existem modelos, criam-se em nossas mentes paradigmas para o que acontece mais de uma vez. Os circos da minha infância foram inúmeros, de diversas cores e nomes, com artistas dos mais diferentes matizes. Entretanto aquele que meu inconsciente elegeu para repetir através das gerações foi um só.


      Em épocas determinadas do ano aparecia o circo. Estava brincando no quintal quando ouvia a algazarra, gritos da molecada a que eu deveria me juntar, se mamãe deixasse, é claro. Do quintal ainda ouvia os primeiros gritos: “Hoje tem espetáculo, tem sim, senhor... O palhaço o que é? É ladrão de mulher...” Corria para a calçada a fim de ver passar o cortejo liderado pelo palhaço da perna de pau, e sorriso largo, e roupa colorida. Depois de passada a parada, restava-nos saber onde estava sendo armada a enorme tenda. Que alegria! Desta feita era lá no campo, bem próximo à nossa casa.



       À tarde, depois de voltar da escola, fomos para lá, ver a armação do circo. E lá estavam todos os artistas uniformizados de operários. A gente os reconhecia porque eram diferentes de pele e cabelo. As moças eram todas loiras e brancas, os homens delgados ou fortes ao extremo. O mastro central subia e com ele o pano que obstruiria de nossas famintas mentes o mistério do circo, apesar da infinidade de buracos.

        No dia, seguinte já armado, o circo se preparava para a estréia. Minha cabeça era repleta daquele mistério. Ai que vontade de ser invisível para ir lá, saber o que estava se passando, sobre o que conversavam. O pior é que logo vinham as histórias, criadas pelas mentes ou vistas de fato, pelas frestas impenetráveis da estrutura circense: “Quem tiver gato que esconda porque o domador está comprando gato para dar de comer aos leões.” “Dizem que o filho de dona sicrana sumiu, que foi pisoteado pelo elefante e enterrado numa das barracas”...

      À noite estávamos lá, ávidos pela magia do circo, sentados nas arquibancadas de madeira, que tremiam e beliscavam nossas bundas, mas nem sentíamos. Sob a má iluminação, vinha o equilibrista, andando no arame, de vez em quando desequilibrava, tirando um “UUU” da garganta da plateia, cujos olhos não desgrudavam um décimo da cena. Em seguida era a vez do atirador de facas, que maestria, que segurança; a moça, pregada na tábua, ria desafiando as pontiagudas lâminas que cortavam o ar e se colavam a milímetros do seu corpo! Diante de uma salva de palmas, entrava o homem mais forte do mundo, que antes se apresentara como equilibrista e atirador de faca. Como era forte, segurava dois carros de motor ligado e acelerador pisado! O mágico e o palhaço encerravam a noite. E íamos dormir com as mentes repletas de sonhos. Embalado por Morfeu, ainda tinha tempo de sonhar com a bela loira das facas, que era também ajudante de mágico e a trapezista.

     Quando começava a perder a graça, quando os truques do mágico já eram abertamente desvendados nos balcões dos bares, quando já se punha em xeque a força do homem mais forte do mundo, o circo levantava pano, ia embora para bem longe. Ia despertar a imaginação, alimentar os sonhos de outras crianças. Apenas uma história era verdade: Depois da partida, uma mãe aparecia chorando, sua filha fora roubada pelo desalmado do palhaço. E a velha chorava até que alguns meses depois a filha pródiga voltava à casa materna, e trazia consigo uma criança, Talvez fosse o pagamento do palhaço à mãe entristecida.

(Professor Alves)

terça-feira, 29 de julho de 2008

PARA AUGUSTO CÉSAR




PARA AUGUSTO CÉSAR, COM UM POUCO DE ATRASO
(sacratíssimo imperador, filho do amigo Erasmo Belarmino)

           "Filhos! melhor não tê-los
                    Mas se não os temos
                    Como sabê-los!?"  (Vinícius)
Amigo Erasmo, há algum tempo ponho as roldanas da minha cabeça para funcionar com o objetivo de homenagear seu sacratíssimo filho com um texto. Desisti de buscar metáforas que não sejam clichês, antíteses e sinédoques. Não tendo talento para fazer um texto à altura do seu rebento, resolvi fazer apenas a homenagem. Afinal quem chega precisa de receber um bom-dia, um boa-tarde, ou um boa-noite. É falta de educação da parte de quem já está aqui não fazê-lo. Desenvolvi então as idéias que seguem, perdão se é apenas um texto medíocre.

Filhos são interessantes! Chegam e nem sequer nos cumprimentam. Pelo contrário, nos olham como se não nos estivessem vendo e nos olham com cara de “o que foi”. E a gente se derrama todo, fica feliz, ri à toa, bate foto e chama os vizinhos: “Não é a cara do pai?” Não. Filhos não se parecem com ninguém. Bebês então é que não se parecem mesmo. Parecem-se só uns com os outros, como se fossem todos gêmeos. E são todos lindos. Até os bebês dinossauros são belos como os nossos. Especialistas dizem que são artimanhas para se protegerem de nós. É, mas infelizmente alguns não conseguem.
Filhos são interessantes! E crescem sempre. Um dia você chega do trabalho, pensando em encontrar um bebezinho no berço, e toma um susto. Tem um menino, olhando para você com cara de “o que foi”? Do dia para a noite estão andando dentro de casa, ditando modas e modos. A casa passa a estar como eles querem, ou seja, desarrumada, brinquedo pra tudo quanto é lado, sofá rasgado, parede riscada. Para nós nos restam as saudades da arrumação.
Filhos são interessantes! De repente perdemos nossa identidade, e a casa! Passamos a ser apenas o pai e a mãe de fulano. Nossa casa, antes tão nossa, agora é a casa de fulano, nossos pertences agora não nos pertencem, para usar o computador, por exemplo, temos que pedir emprestado. E nossas férias já não são nossas. São eles que decidem o que vamos fazer. E haja escultura na beira da praia, correr atrás da bola que o vento teima em jogar para frente, enquanto a cerveja esquenta na mesa. E sentimos saudades do tempo em que aproveitávamos as férias para curtir uma gelada, enquanto mirávamos pernas com o canto do olhos! Lembra? São só lembranças.
Mas filhos são realmente interessantes! Principalmente quando começam a estudar. Perdemos a hora do almoço só para esperá-los na porta da escola todos os dias. E quando vêm (todo breado, a farda mais parece pano de chão) lembramos de nós, do futuro. Se somos professores, então, resolvemos que não vamos incorrer no mesmo erro. Ele vai ser astronauta, arqueólogo, no mínimo médico.
É, filhos são realmente interessantes! Além de nos deixar órfão de esposa, de pais (nossos pais agora são avós dele, esqueceram!) e objetos, tão pessoais, nós o amamos e damos a vida por eles. A vida não, todas ! Um amigo, quando o filho pegou uma pneumonia, fez uma promessa de que se ele ficasse bom, ele (o pai) não precisaria mais nascer. Sério. Pois é, amamos a ponto de fazermos coisas antes inimagináveis. E tudo para sermos pais, e em agosto comemorarmos o dia dos pais, e recebermos presentes, que nós mesmos pagamos.
Filhos são realmente muito interessantes.
(julho de 2008)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Amigo não é jogo de azar


AMIGO


“Como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos.”
(Exupéry)

Amigos são assim! Não é prêmio de jogo de azar, mas também não são escolhidos. Vêm-nos como que atraídos por nós, por nossa esfera astral, ou pela química resultante do acúmulo de ansiedades, valores e realizações de cada um. Quando se vão, ou quando se-nos esquecem deixam um vazio que, para citar Djavan, nem que bebêssemos o mar encheria o temos de fundo.

E por que os amigos se vão ou nos viram as costas? Os motivos não sabemos, podem ser vários. Uma palavra mal dita, um gesto desavisado, um pedido, uma deprecação. Depois é que nos vem a lembrança de que amigos não gostam de exigências, de solicitações, apesar das palavras de Exupéry (“És eternamente responsável por aquilo que cativas.”).

Só nos resta então sofrer o abandono e buscar a razão da ausência, inimiga. E quanto mais buscamos o motivo, mais esquecemos os verdadeiros porquês. E o vazio continua aumentando a cada momento. Quem já teve um amigo para depois vê-lo apenas na distância da memória sabe do que estou falando.

Não importa quão cheia a nossa casa esteja. Ela está sempre carente da presença do amigo fujão, e quando todos se vão ou espontaneamente ou cortesmente convidados, o que nos fica rememorando não são os diálogos interessantes nem as gafes inexoráveis, são as lembranças do amigo “pródigo” que não estava presente.

Hoje senti saudades de você. Minha casa está cheia, porém falta você, falta sua palavra comum, porém imprescindível, seu sorriso meigo, seus olhos viajantes, sua voz silenciosa.
(Professor Alves, 04/07/2008)

domingo, 13 de julho de 2008

A AGONIA DO FUMANTE


A AGONIA DO FUMANTE - Prof. Alves 12/05/2007
Nada mais angustiante que a agonia do fumante quando quer se livrar do vício.
Entretanto essa agonia começa junto com o vício, quando os pais dizem “não, não pode ser”.
E o indivíduo os desafia achando que está fazendo a coisa mais certa, que enfim está se libertando. Sem saber de quê!
Não sabe o ainda projeto de imbecil que está armando os grilhões de que será eterno escravo.
Com a evolução do mal hábito, vêm os constrangimentos a que se exporá o adolescente, como não ter dinheiro para alimentar o “luxo”, pequenos furtos ao bolso do pai, as descobertas desse ato, tudo isso aliado à debilitação física da idade adulta iminente.
Aí vem o pior: a vontade de se livrar do cigarro.
O que fazer?
A resolução é peremptória: não quero mais, pronto!
Acompanhada dessa decisão vem a empolgação, a euforia, a satisfação, a alegria de encontrar a porta de saída da prisão.
propaga-se a decisão então aos quatro ventos e partilha-se essa vontade com os entes mais próximos.
Mas o tinhoso é capcioso, astuto e espera o momento certo para reagir.
Acabada aquela Euforia inicial, lá vem ele se insinuando de fininho, fazendo-se vítima. Não, ele não foi culpado por nada, pelo contrário, só queria ajudar, era o único companheiro e foi jogado fora.
Suas intenções são manifestas de várias formas:
Pra que me largar se precisamos um do outro, não é feio fumar.
“Desconfia dos que não fumam, eles não têm sentimento”
Aos poucos o coitado fumante começa a ver graça em estar com o dito entre os dedos e se esquece dos motivos que o levaram a buscar a liberdade.
Não vê prisão, as grades viraram fumaça, Cego novamente encontra-se com seu “amigo”, às escondidas, só um trago de vez em quando.
até que alguém o flagra sorvendo alegre a fumaça embotadora de sua mente.
passada a vergonha inicial ele volta à antiga prisão. Sem pejo de desfilar com seu destruidor e só vai se dar conta da besteira que fez quando os motivos que o levaram a buscar a liberdade estiverem-no atormentando novamente.
E a angústia parece sua única aliada, companheira.
Essa angústia, esse sofrimento vai-se repetir até o dia em que finalmente o tabaco cumprir sua missão: a ruína total daquele que não teve força o tsuficiente para se livrar dele.
***
a mesma angústia que acomete ao fumante, ocorre àqueles que de certa forma possuem grilhões dos quais não conseguem se livrar.
qual é a sua prisão, a sua angústia?
livre-se dele o mais urgente, antes que a ruína seja a única visão que se deslumbrará no caminho já embotado.

(Professor alves)

sábado, 21 de junho de 2008

AMOR, UMA QUESTÃO DE DOAÇÃO

AMOR, UMA QUESTÃO DE DOAÇÃO
(Professor Alves)
“Ah! que delicioso é dar!Ser generoso que bela tentação!Uma boa palavra brota suavementecomo um suspiro de felicidade!”
(Brecht)
O amor é sem dúvidas o que há de mais interessantes quando se pensa em sentimento. Deve ser concebido assim quando espontâneo, mas não o é quando se quer sentir. Porque se eu resolvo sentir Amor ou preciso que sintam Amor por mim, então o Amor deixa de ser sentimento e passa a ser querer. Não querer no sentido de escolha, mas no sentido de ser capricho. É impossível simplesmente se dizer: “Me ama, vai, estou esperando. Eu te amo então tens de me amar também.”
Essa intimação é mais corriqueira, por incrível que pareça, do que se possa pensar. Quantas pessoas nesse momento (talvez na cabeça do leitor esteja latente essa idéia) estão planejando algo para se fazer amar. Tipo “Se não me amares, eu te mato” ou “Se não me amares, eu me mato”. E o pior é que tanto uma como outra estão sendo executadas. Quem não ama, e quem quer ser amado/a.
E assim o Amor segue, moeda de troca, pois é preciso ser amado para amar. Ou o eterno vilão da humanidade. Vidas são destruídas a todos instante por Amor. É o alcoólatra, que carrega sua cabeça inchada, sua mente embotada por memórias das quais nem mais se lembra; é o esfarrapado que, sem mendigar, conduz pelas ruas a amargura de sua miséria da falta de amor próprio; é o suicida mal-sucedido, cujos pulsos abertos em sulcos profundos lembram-no a todo instante do que já não pode esquecer; é o presidiário, que, no cumprimento de sua pena, perambula pelos corredores estreitos de seu passado, vigiado de perto pelo sangue fétido, jorrado do amor que nunca teve.
É preciso entender que o amor, antes de ser sentimento, é doação. Faz-se mister que entendamos ser mais feliz, do que quem recebe, quem dá, quem empresta, quem doa algo, sem pensar na recompensa que virá depois. Porque talvez ela não venha pelas mãos daquele a quem se doou. A vida é uma corrente do bem, se fizermos o bem, ou uma corrente do mal, se praticarmos o mal. É preciso que amemos “as pessoas como se não houvesse amanhã”, para que as pessoas nos amem com a mesma intensidade, mas sem que nos preocupemos com esse retorno. Livre, espontâneo. Como uma borboleta, que não escolhe onde pousar, pousa porque precisa, chegou a hora, não para deixar outro pouso enciumado, assim são as pessoas. Amam porque precisam amar, chegou o momento de amar. E cabe a qualquer um agradecer a pessoa amada por existir e se permitir ser amada. É o mínimo que de fato podemos fazer

PARA SERMOS FELIZES!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

A INDIFERENÇA QUE FALTA

A INDIFERENÇA QUE FALTA

Quem passar hoje pela avenida Duque de Caxias, no trecho entre Barão do Rio Branco e praça Coração de Jesus, aqui em Fortaleza, e não for desapercebido vai perceber que algo está faltando.




Às vezes transitamos pelas ruas e não nos damos conta do que está ao nosso redor. Há uma fachada de bomboniere, há uma moça bonita, há um velho que esmola, há uma prostituta que se vende. Mas na nossa pressa simulada, não vemos o flagelo alheio nem queremos dar conta disso. É o nosso egoísmo que fala mais alto. Ou o nosso medo de nos depararmos com nós mesmos na nossa desgraça interior.


Mas era impossível não vê-lo. Ele estava lá. Indiferente a tudo e a todos. Se alguém tentasse fita-lo enquanto “catava comida entre os detritos”, para tentar entender seus porquês, ele certamente olharia com um desprezo tão grande que lhe enregelaria a espinha. Como quem dissesse “você não é menos miserável do que eu”. Ele era alto, negro e sujo. Sua sujidez (não quero usar sujidade porque esse termo não condiz com a sua verdade) o empretecia ainda mais. Os cabelos, à Bob Marley, armados de sua sujidez, caídos sobre os olhos amarelecidos, sua bermuda que antes foram umas calças jeans, rasgada atrás, a mostrar-lhe as nádegas, desafiadoras, impudentes, transformavam-no em um relicário de indiferença consigo mesmo e para com os transeuntes.


Mas hoje ele não está mais lá. Apareceu-lhe seu anjo da guarda e o levou de lá. Não, ele não foi para o céu, ele não está morto. Seu anjo da guarda não tem asas, não é feito de nuvens, não é aquele de que fala o livro santo. É um arcanjo de carne e osso. Ele não teve medo de que ali estivesse seu ego maldito, seu eu inescrupuloso. Aproximou-se dele, é certo, depois de muito relutar. Entendeu subitamente que por trás daquela massa humana disforme havia um cidadão. Compreendeu o óbvio: que todos temos família. E o levou de lá para junto da mãe, da irmã, da sua tia solteirona.


Qual seu verdadeiro nome? Não importa. Qual o nome de seu anjo? Também pouco interessa. Este tornou-se celebridade. Não porque roubou o dinheiro do povo, não porque desfila seminu de segunda a segunda em um programa imoral chamado BBB. Não é nosso interesse aqui falar em nomes, citar datas, idades, estados mentais. Mas simplesmente lembrar que há pessoas pelas ruas, e nós nada fazemos para melhorar sua condição. É preciso que entendamos que “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”, mesmo que alguma delas não tenha um nome, um lar, um cargo.
(Professor Alves, 20/02/2008)

A COMPREENSÃO DA BELEZA

COMPREENSÃO DA BELEZA
(Professor Alves)

Certa vez, meu filho chegou-me e disse que queria criar uma lagarta. Lembrei-me da frase que diz que não basta ser pai, tem que participar, e fomos atrás. Depois de muito procurarmos, um rapaz que trabalha na estação de tratamento aqui do condomínio disse que havia uma em um limoeiro. Nossa! Era um bicho asqueroso e feio. Pequeno, acinzentado, com uma carinha de coruja, parecia um pedaço de pau, desses que a gente fortuitamente quebra enquanto divaga sobre as incertezas da vida, para depois lançar fora. Mas fazer o quê, já que só tem tu, vai tu mesmo. Colocamo-la dentro de uma lata de leite devidamente furada, com bastantes folhas, para não ter de alimentá-la mais, era esse meu pensamento.

Dias depois, não me lembram quantos, resolvemos dar uma olhada. Todas as folhas tinham sido devoradas, a terra cheia de “bolinhas” escuras, e ela não existia mais. Em seu lugar jazia um casulo, que pela feição, estado e odor denotava ser a sepultura de um ente que, já em vida, parecia morto. Deixamo-lo lá às expensas do tempo.

Noutro dia (era um domingo), estávamos brincando de algo, quando o Victor deu um grito:

─ Pai, a lata está se mexendo!

Caraca, era verdade. A tampa, que havia sido posta sobre a lata, mas sem ser vedada, estava pululando. Quando a erguemos, vimos o verdadeiro milagre da vida: uma borboleta linda, amarelo-queimado, com detalhes pretos espanejava tentando sair de sua prisão. O Victor estava exultante, dentro de seus olhos havia toda a compreensão sobre a beleza das coisas e onde elas se encontram.
Daquele dia em diante, passei a refletir sobre esse tema. Percebi que o belo só existe quando se manifesta. Não há formosura naquilo que está enclausurado, fechado; no que teima em se mostrar insalubre, inodoro, incolor. É preciso que a maravilha desperte para ser notada. Quantas coisas pulcras não o são por estarem escondidas em si mesmas! Imagine onde está a beleza da chuva! Só a vemos depois que ela se abre em verdes campos e em coloridas flores! A beleza da noite! Só é vista quando as estrelas em todo seu esplendor se abrem em luzes pictóricas! A beleza da vida! Só a vemos e sentimos quando os corações se abrem em sorrisos e atitudes! Assim também são as mulheres.

A beleza feminina, precisa ser exercitada, e não há melhor exercício para desabrochá-la do que a vaidade de um sorriso, a elegância de gestos e as palavras pronunciadas com clareza e ternura. É preciso, pois, que as moças manifestem seu encanto, para que ele se torne visível aos olhos de todos. Obnubilar as graças e as formosuras, escondê-las, negá-las, impedindo que os outros as vejam e se regalem com elas, é um crime contra a humanidade. E toda avareza será castigada.
Por isso sejam belas e...

FELIZES!
(06/06/2008)

terça-feira, 17 de junho de 2008

O MILHO MUDA COM O FOGO. E VOCÊ?

O MILHO MUDA COM O FOGO. E VOCÊ?


O título original desse texto que me chegou às mãos era “A pipoca muda com o fogo”. Percebendo nisso certa incoerência, resolvemos fazer a mudança que se vê no novo título. Tomamos ainda a iniciativa de fazer algumas alterações, como colocar sempre o pronome ela/elas assim como o substantivo mulher/mulheres, para evitar o sexismo de linguagem verificado no original. Entretanto todos os méritos do texto cabem ao seu autor. Em nenhum momento nos passou pela cabeça que alguém venha a atribuir a nós sua autoria, tampouco seu ensinamento filosófico.


A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens e as mulheres para que eles e elas venham a ser quem devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer. Pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa. Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.
O milho da pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas de repente vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: DOR.
Pode ser fogo de fora: a perda do emprego, do grande amor, de um filho, do pai; uma doença, súbito estado de pobreza. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo ansiedade, depressão ou sofrimento cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui e com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou, vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma. Ela não pode imaginar destino diferente. Não imagina a transformação que está sendo preparada. Ela não imagina aquilo de que é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: PUM! E ela aparece como uma outra coisa totalmente diferente que ela mesma nunca havia sonhado.
Bom mais ainda temos o milho de pipoca que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que por mais que o fogo esquente se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito de elas serem. Sua presunção e o medo são a dura casca de milho que não estoura. O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca e macia. Não vão dar alegria para ninguém.
Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os milhos duros que não servem para nada. Seu destino é o lixo.



Que lição estupenda podemos aprender com o fenômeno da transformação do milho duro em pipoca! Para sermos felizes é preciso que deixemos que essas transformações nos ocorram, desde que sejam necessárias, pois há pessoas que já nascem macias como se sua transformação tivesse ocorrido antes de elas nascerem nesse plano terreno. É preciso que olhemos para nós, para as nossas atitudes diante da vida, para com os outros. Como está a nossa face: carregada, pesarosa? O que destilamos: tristeza, ódio, sofrimento? Para podermos mudar.

Entretanto não é preciso passar pelo fogo para que haja essa transformação. Não precisamos ficar desempregados, perdermos o pai ou ficarmos sem o grande amor para nos transformarmos em pipoca macia. Toda transformação passa por um período de clausura, como o que ocorre com as desajeitadas lagartas, que se metamorfoseiam em belas e elegantes borboletas. Há um provérbio do domínio público que diz “O homem inteligente aprende com os próprios erros, mas os sábios aprendem com os erros alheios.”, por isso não precisamos penar no vale de lágrimas do nosso inferno inconsciente para melhorarmos. Paremos um pouco, numa clausura momentânea. E façamos nosso casulo individual. Depois dessa meditação nós vamos nos avaliar e imaginarmos a avaliação que as outras pessoas fazem de nós e... ESTOUREMOS! como o milho de pipoca, com pouco treinamento seremos pessoas melhores mais felizes e que farão as outras também felizes. O mundo está cheio de energia quântica, que é aquela que não vemos, não tocamos. E essa energia existe de duas formas: negativa e positiva. Se somos negativos/as o mundo nos verá assim e nós só vamos contribuir para aumentar sua negatividade; se positivos contribuímos para que o mundo inteiro também o seja.
Enfim estouremos, sem fogo mesmo, desfaçamo-nos dessa casca dura que nos envolve e sejamos a macia pipoca que fará o bem às outras pessoas e, conseqüentemente, a nós mesmos e assim...


SEJAMOS FELIZES!

VIVER É MELHOR QUE SONHAR?

       Enquanto corrigia umas redações que haviam sido feitas baseadas na temática do viver e do sonhar, uma aluna se aproximou, pediu desculpas por interromper e disse:
     ─ Professor, durante o debate o senhor deixou transparecer que viver é melhor que sonhar. Faça também um texto, argumentando sobre essa sua visão do tema e nos apresente na próxima aula.
Eu não tinha escolha a não ser justificar o ponto de vista denotado. Ficou mais ou menos assim:
http://www.poeticamentefalando.com.br/wp-content/uploads/2010/05/viver.jpg

     Viver é provar, é tocar, é sentir, é utilizar-se dos sentidos. É vivenciar os acontecimentos sob suas duas faces: o bem e o mal. Viver é, portanto, aprender a se dar bem e a se dar mal. É aprender a ganhar, a jogar e a perder. Porque a derrota também é um aprendizado.
     Sonhar é imaginar, é achar que se está vivendo. É como se trancar no quarto e ficar assistindo ao mundo através da janela. Ver o calor do sol e não senti-lo; ver o brilho do orvalho e não se umedecer nele; ouvir a melodia da natureza e não dançar essa música da vida.
      Entretanto o sonho é o alimento, é o combustível das ações. Sonhar com algo hoje e empreender sua realização amanhã é o que impele o vencedor e a vencedora à vida, é o que os torna diferentes dos demais. O sonhar deve ser o recheio das frestas da existência, é com que devemos preencher os momentos vãos que se intercalam às sólidas ações.
    Na edição de novembro de 2006 da Superinteressante, há uma matéria intitulada “E se... não sonhássemos”. Vejamos o primeiro parágrafo dessa matéria:

    "Caso o homem não tivesse a capacidade de sonhar, você não estaria lendo esta revista, pois provavelmente ainda estaríamos na pré-história – na melhor das hipóteses. O sonho, que surgiu há mais ou menos 140 milhões de anos, quando os mamíferos se desenvolveram a partir dos répteis, é importantíssimo no processo de aprendizado."
(Superinteressante, novembro de 2006, pág. 64)

     Nessa interessante matéria, os cientistas discorrem a respeito do sonho definido como fenômeno que ocorre enquanto dormimos, não o sonho de que estamos aqui tratando. Entretanto é fácil perceber a relação entre esses dois sonhares. Para os cientistas o fenômeno, que ocorre na fase REM do sono, foi crucial para o desenvolvimento intelectual da humanidade. Segundos esses estudiosos, sem a capacidade de sonhar, os homens primitivos, por exemplo, não teriam aprendido a enfrentar seus inimigos, como os tigres-dente-de-sabre entre outros.
     Assim também ocorre com a nossa necessidade de sonhar com o sentido de querer, almejar, planejar nossas ações. Entretanto é preciso agir para que nos sintamos realizados. O mundo está cheio de pessoas-quase, que são aquelas que vão dizer para os seus netos: “eu quase isso... eu quase aquilo...” Tudo porque passaram a vida sonhando e, de tanto sonhar, esqueceram-se de realizar, de viver.
    Assim é preferível viver a sonhar. Viver é a própria realização da existência; sonhar, o plano, a pedra que se lança, os marcos de cada ação.

Sonhe, VIVA e...

SEJA FELIZ!

ONDE É O SEU LUGAR

ONDE É O SEU LUGAR

UM JOVEM, NEM TÃO JOVEM, SE APROXIMOU DO PROFESSOR E LHE DISSE, COM AR CANSADO E ENTRISTECIDO:
─ MEU AMIGO, EU ESTOU PENSANDO EM IR PARA SÃO PAULO. AQUI EM FORTALEZA A VIDA NÃO TÁ LEGAL. NÃO TENHO EMPREGO, NÃO TENHO NAMORADA, NÃO TENHO AMIGOS. NEM A MINHA FAMÍLIA GOSTA DE MIM. SERÁ QUE LÁ EM SÃO PAULO EU VOU ME DAR BEM?
O MESTRE OLHOU, ATIROU UMA PEDRA, QUE FOI ESTACIONAR LENTAMENTE PRÓXIMO A UMA OUTRA, E LHE RESPONDEU:
─ APESAR DE TUDO DE QUE VOCÊ RECLAMA, MEU JOVEM, AQUI AINDA É O MELHOR LUGAR PARA VOCÊ ESTAR. SÃO PAULO É UMA CIDADE MUITO GRANDE, LÁ VOCÊ SE PERDERÁ NO TURBILHÃO DE PESSOAS E PRÉDIOS, AS DIFICULDADES SE REDOBRARÃO E VOCÊ SERÁ MUITO MAIS INFELIZ. SENTE-SE AÍ E REFLITA.
O RAPAZ SENTOU-SE, POIS A MÃO NO QUEIXO E FICOU REFLETINDO SOBRE O QUE O MESTRE HAVIA FALADO. NESSE MOMENTO CHEGOU UM OUTRO HOMEM, COM AR EXALTADO E UM SEMBLANTE, DIGAMOS, BRILANTE DE SATISFAÇÃO. SENTOU-SE E FOI LOGO DIZENDO:
─ MESTRE, MESTRE, EU ESTOU PENSANDO EM IR PARA SÃO PAULO. AQUI EU TENHO TUDO, TRABALHO, NAMORADA, AMIGOS. MAS EU QUERIA CONHECER OUTRA CIDADE, MAIOR, BUSCAR OUTRA POSSIBILIDADE DE SUCESSO. O QUR O VOCÊ ACHA?
O PROFESSOR, SEM DESVIAR OS OLHOS DO LIVRO QUE LIA, RESPONDEU:
─ VÁ. SÃO PAULO É A CIDADE DAS OPORTUNIDADES. LÁ SUAS CHANCES DE SER FELIZ SERÃO MUITO MAIORES. COMO DIRIA CAETANO: SÃO PAULO É O MUNDO TODO. NÃO ESQUECENDO OS QUE ESTÃO AQUI TORCENDO POR VOCÊ, VÁ E SEJA FELIZ.
ENQUANTO O MESTRE ENCERRAVA SEU DISCURSO, O OUTRO JOVEM O OLHAVA ATURDIDO, COMO A SE PERGUNTAR “E POR QUE EU NÃO SERIA FELIZ EM SÃO PAULO?”

O problema não está no lugar em que estamos, mas nas nossas atitudes com que conduzimos nossa vida. Conheci muitos alunos que mudaram de escola na tentativa de formar grupos de amizade, ou até melhorar as notas. Entretanto depois de algum tempo retornaram às suas escolas de origem, pois perceberam que não era a mudança de escola que iria mudar sua condição. E poucos são os que têm essa humildade de reconhecer onde está o verdadeiro erro: em si. Outros viram as costas para si mesmo e vão levando a vida aos tombos, sem olhar paras trás nem de lado. Esses são os piores que há, não reconhecem as próprias dificuldades e se as reconhecem se fazem de durões. Pra quê? Para não dar o braço a torcer.
Muitas gentes outras conheci que utilizam a mudança dos dígitos anuais como tábua de salvação. Pensam: “Ano que vem vai ser diferente, vou concluir meus estudos, vou parar de fumar, vou deixar de maltratar minha/meu namorada/o. Vou enfim ser feliz.”
Em ambos os casos, na se dão conta de que a mudança está dentro de cada um. É preciso reflexão. Por que a mudança estaria no lugar ou no dígito? Estamos nos aproximando de mais um final de ano e já tem um monte de gente planejando mudanças mágicas para as suas vidas. Mas poucos, muito poucos estão buscando o seu íntimo para saber o que lhes está dando errado. Poucos estão se perguntando “como eu estou na escola, por que eu não tenho minha “tribo”, por que fulano é feliz e eu não, ONDE EU ESTOU FALHANDO? No meu trabalho, como estou realizando minhas atividades, como trato os meus colegas, como gasto o meu dinheiro?...”
É preciso que mantenhamos um diálogo amiúde com nós mesmos. É preciso que tenhamos humildade para descermos até o nosso infinito e de lá tirarmos as verdadeiras respostas para a nossa busca da felicidade. Reflitamos, façamos uma viagem interior, sejamos os desbravadores de nosso próprio sertão, como diria Guimarães Rosa, e...




...SEJAMOS FELIZES!

TEMPO DE AMAR

TEMPO DE MARTEMPO DE AMAR

“Se a natureza me oferecesse duas coisas e dissesse:
Que era para eu escolher
Eu não me importaria com a segunda se a primeira fosse você”

“Se você me vir calada
Não me pergunte o porquê
Não penso em nada na vida
A não ser em você.”
(frases escritas pelas alunas do 1° ano da EEFM Gonzaga Mota, em Fortaleza)

O homem e a mulher necessariamente nascem do amor e vivem para ele. O jovem e a jovem, como estão se preparando para a procriação, para a reprodução, para o casamento, convergem para esse sentimento universal toda sua expectativa de vida. É nele que residem as esperanças, é por ele que o menino e a menina vão ao colégio, à praia ao shopping, à igreja. Eles e elas estão sempre à procura de sua cara metade, de sua alma gêmea. Em seus semblantes transborda a necessidade da felicidade a dois.


Entretanto há um perigo!!!

Por que será que há tanto adulto infeliz com seus companheiros e companheiras?
Por que também há tantos jovens casados e casadas precocemente e que muitas vezes acham que suas vidas acabaram ali?
A resposta é bem simples. A ansiedade. Cuidado com a ansiedade. Na ânsia de se resolverem afetivamente buscam pares quaisquer. Para mostrar aos colegas: “vejam, eu tenho um namorado/uma namorada”.
Todos nós nascemos para o amor e, como alguém me disse há muito tempo: “existe sempre alguém para alguém”. Mas esse alguém precisa acontecer, precisa ser-nos apresentado. Mas por quem? Pelo tempo, pelo momento. Vejamos o texto abaixo de um autor desconhecido, pelo menos para mim, e reflitamos acerca desse grande mestre, que é o tempo:

O TEMPO CERTO

De uma coisa podemos ter certeza: de nada adianta querer apressar as coisas.
Tudo vem ao seu tempo, dentro do prazo que lhe foi previsto. Mas a natureza humana não é muito paciente.
Temos pressa em tudo! Aí acontecem os atropelos do destino, aquela situação que você mesmo provoca, por pura ansiedade de não aguardar o tempo certo.
Mas alguém pode perguntar:
─ Mas qual é esse tempo certo?
Bom basta observar os sinais. Geralmente quando alguma coisa está para acontecer ou chegar até sua vida, pequenas manifestações do cotidiano enviarão sinais indicando o caminho certo.
Pode ser a palavra de um amigo, um texto lido, uma observação qualquer.
Mas com certeza o sincronismo se encarregará de colocar você no lugar certo, na hora certa, no momento certo, diante da situação e da pessoa certa!
Basta você acreditar que nada acontece por acaso!
E talvez seja por isso que você esteja agora lendo essas linhas.
Tente observar melhor o que está à sua volta. Com certeza alguns desses sinais já estão por perto, e você nem os notou ainda.
Lembre-se de que o universo sempre conspira a seu favor, quando você possui um objetivo claro e uma disponibilidade de crescimento.
Caetano Veloso diz em uma de suas composições:
“É INCRÍVEL A FORÇA QUE AS COISAS PARECEM TER QUANDO PRECISAM ACONTECER!”
Pronto eis a resposta pela qual você esperava. Quando as coisas vão acontecer ela nos enviam sinais. No amor também é assim. Devemos, portanto esperar que as pessoas nos sejam apresentadas pelo momento. Os jovens e as jovens, como são mais impacientes que o restante da humanidade, precisam refletir mais que o restante da humanidade. Precisam se divertir, sem essa ansiedade de encontrar alguém, precisam, principalmente, se permitirem conhecer pessoas de diversos matizes e esperar o sinal. Quando isso acontecer, jovens,

SEJAM FELIZES!

NA ESCURIDÃO MISERÁVEL

FERNANDO SABINO  “Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o m...