quinta-feira, 10 de março de 2011

CIDADANIA É O QUÊ?

Cidadania é muito importante. Fala-se muito em cidadania quando se aproximam as eleições, mas ela é parte integrante da nossa vida. A cidadania é muito importante,logo, preste muita atenção! Cidadãos tem direitos que nos dão a garantia da boa convivência. Ao falarmos que temos nossos direitos, estamos exercendo a nossa cidadania.

Nossos direitos estão contidos na Constituição e temos que buscar o respeito dos mesmos. Os nossos direitos estão presentes nas coisas mais simples e muito importantes numa democracia, como andarmos em segurança pela cidade, irmos ao cinema ou a escola e até dizermos aquilo que pensamos. Independente da classe social, todo ser humano deve lutar pelos seus direitos, pois os mesmos é que são responsáveis por conquistarmos uma vida com dignidade.

 As Ações comportamentais requeridas de um cidadão do terceiro milênio são:
  • - Desenvolvimento permanente das pessoas
  • - Prevenção ampla de qualidade de vida física
  • - Qualidade de vida interior, a dos valores
  • - Inovação e captura de novas exigências
  • - Resultados da metas
  • - Combate ao desperdício
  • - Conquista dos benefícios

 Cidadania é:
 “Direitos + Deveres”
A convivência numa sociedade exige do cidadão também o cumprimento dos seus “Deveres”. O cumprimento dos Deveres requer também o respeito aos direitos dos outros. A Constituição nos garante Direitos, mas também nos estabelece Deveres e cumprir as leis é um Dever de todo cidadão.

Cidadania é saber viver.
  • O Direito à saúde, educação, moradia, alimento, segurança, trabalho, etc... quando conquistados, nos dão condições de uma vida digna e por ela temos que lutar democraticamente e sempre em busca do bem comum.
  • Liberdade de pensamento. O livre pensamento é um direito pleno numa democracia, respeitando-se sempre a forma de pensar e opinar também das outras pessoas. Ver o filme que mais nos agrada, assistir a uma peça teatral ou mesmo ir a uma partida de futebol do time preferido, fazem parte desse contexto. Assim como, adotar a linha religiosa que melhor satisfaz a cada um.

Nosso corpo nos pertence.
Inúmeras são as formas de utilização indevida para os corpos alheios, quer seja na aplicação de processos de tortura física ou mesmo a de abusos de toda ordem, tais como a sexual e a psicológica. Nesses casos, são concretizadas violações aos nossos direitos e devemos denunciar todos e quaisquer tipos desses delitos.

 Segurança é vital para o cidadão
Esse é um dos direitos que anda de mal a pior e principalmente nas grandes cidades onde os desníveis sociais são bem mais acentuados. Os direitos de se divertir, de ir e vir, de trabalhar, estão seriamente prejudicados pela falta da segurança.

Dignidade para o cidadão.
Vida digna é o que almeja todo cidadão e isso só se consegue com a conquista de muitos direitos, tais como: trabalho com remuneração digna, educação, saúde, moradia, lazer e alimentação. E nas fases difíceis do cidadão, o governo tem que garantir as necessidades básicas do mesmo.

Cidadania é ter:
  • Escola, 
  • Alimento, 
  • Segurança, 
  • Saúde, 
  • Moradia, 
  • Diversão,
  •  dentre outros.

 Cidadania também é ter e dar:
  • Amor, 
  • Compaixão, 
  • Solidariedade, 
  • Caridade, 
  • dentre outros.  

sexta-feira, 4 de março de 2011

UM HOMEM FELIZ


 HOJE vi um homem feliz. Era tanta a felicidade que irradiavam seus olhos que era impossível não percebermos.
QUANDO cheguei para cortar o cabelo, estranhei o fato de o homem feliz vir em minha direção com um sorriso e uma palavra:
̶ Desculpe-me, amigo, mas é que cheguei agora e ainda estou abrindo o salão.
SIM aquele homem feliz era um simples cortador de cabelo, era um trabalhador, pois alguém pode pensar que só pessoas que não têm o que fazer ou têm muito dinheiro são felizes. Estranhei porque cortamos o cabelo com ele, eu e meu filho, já faz muito tempo e nunca o vimos sorrir, nunca sequer nos dirigiu a palavra, a não ser para perguntar “como o senhor quer” ou dizer o preço. Fora isso jamais ouvi sua voz. Mas ele estava feliz, e sua felicidade era transbordante, intrigante, porém não contagiante.
PERCEBI pelo seu tom de voz quando disse “cheguei agora” que ele precisava falar algo mais, era vital para aquele homem feliz que me dissesse o motivo daquele sorriso doado sem ônus algum, daquelas palavras carregadas de sentimento, mas que não conseguiam repartir, difundir, irradiar a felicidade aos outros. E isso me incomodava. Como sou bom ouvinte e principalmente curioso, resolvi satisfazê-lo:
̶ E aí, deu tudo certo? – Perguntei como se pergunta a um amigo por cuja felicidade estamos interessados.
̶ DEU! – respondeu com um tom de voz acentuado e um breve sorriso, daqueles bem interior, vitorioso, porém mesquinho – Demorou só um pouco para o contador agilizar minha comprovação de renda. Vou buscar amanhã... é todo completo, tem até computador de bordo... só tô preocupado é se faço ou não seguro, porque vou pagar uma prestação de quase mil reais... mas valeu a pena...
DEPOIS que tomou, a palavra aquele homem feliz não parou mais e me revelou o motivo de tanta alegria: seu carro novo. Ele tinha exercido a atitude que mais dá felicidade no mundo moderno: COMPRAR. É incrível como só a ideia de se dirigir a um “shopping” e a possibilidade de comprar algo já deixa as pessoas felizes. É o famigerado CONSUMISMO que nos embota a mente tornando-nos escravos de propagandas, pseudo-ofertas e produtos que não têm nada de novo. Esse homem feliz tinha um outro carro que havia comprado há apenas dois anos, um carro novo, mas que para ele já estava velho, obsoleto. Por isso precisava de um novo. Daqui a alguns dias ele vai notar que seu carro novo tem as mesmas funções do velho e que a única coisa diferente é que o outro já estava pago e que sua dívida aumentou um pouco. Como acontece quando compramos um celular certo de que estamos adquirindo algo ultramoderno, mas que na verdade não tem nada de excepcional, até o jogo da cobrinha é o mesmo. Não é o que desejo, mas  pode ser que, ao descobrir isso, o homem feliz fique triste e sua felicidade efêmera dê lugar a uma tristeza infinita. Pode ser - e isso eu desejo para todos -  que ele reflita sobre o que realmente possa lhe dar alegria, felicidade plena.
QUANDO analisamos o problema da violência nas grande e pequenas cidades, pensamos sempre na maldade humana, pensamos sempre na falta de índole daquele que tira a vida de um pai de família. Entretanto nos esquecemos de culpar o sistema capitalista em que estamos inseridos (talvez porque estamos inseridos), cujo lema principal é: “Eu consumo, logo existo”. No filme A Procura da Felicidade, estrelado por Will Smith, Cris é um cara que busca desenfreadamente a Felicidade, até que ele percebe que de um prédio, onde funciona uma corretora de seguros, todos saem sorridentes, felizes. Ele descobre que lá mora o motivo de tanta alegria e resolve trabalhar ali. Muito interessante o filme porque mostra que para o mundo moderno consumir e não amar; consumir e não respeitar; consumir e não ter dignidade; consumir e não ter pudor; consumir e se deixar consumir é o verdadeiro elo que liga o ser humano moderno a essa tal Felicidade. A literatura infantil já aponta: “no final do arco íris, há um pote de ouro”. É essa busca desenfreada pelo pote de ouro, transformada em carteira de dinheiro do pai de família, que pode aos olhos do bandido se transformar em arma, justificando a execução sumária daquele pai, que leva muitas crianças e adultos, que já foram crianças e não foram educadas, a praticarem latrocínios dia após dia.
(Professor Alves, 04 de fevereiro de 2011)

quinta-feira, 3 de março de 2011

ESTAÇÕES DO INFERNO

Seca
http://www.google.com.br/images?um



(Para Teoberto Landim)

O poeta está desolado com o cinismo dos
políticos diante da desgraça causada pela en-_
chente em Arneiroz.

Meu Deus! Meu Deus!
Passa seca, passa cheia,
Setembro a janeiro,
Dezembro a junho
E sempre a mesma dor,
Sempre o mesmo desespero!
Enchente no Rio de Janeiro 1940
http://api.ning.com/files
De norte a sul se repete o martelar:
Bater na porta da batina,                                              
Tocar a porta do poder?
Em São Paulo chove, choro enche as marginais,
Se repete a cena chata,
Seca, a terra do Nordeste geme na poeira.
Ou chove chuva, cheia até no Ceará
E Arneiroz pede água, alagada.
Incrível! não há água de beber
Apesar da água destruidora a correr.
Eu já sabia!
Se não chove, eu morro
Se chove, a morte me leva.
Na cidade, o asfalto cede, o carro chupa,
A casa leva, o sono tira.
Mamãe, meu brinquedo? A água levou
Meu gatinho? A enchente arrastou
Meu pé de fulô? A chuva matou
Mamãe, meu irmão? ...
Mamãe, meu papai? ...
Enquanto eles, os políticos, 
continuam felizes com seus fidelíssimos aliados:
O fenômeno e o cinismo.
(Professor Alves, 29/01/2004)

DONA GUIDINHA DO POÇO

SONETO PARA GUIDINHA
http://img.mercadolivre.com.br/jm/img

Vêem essa mulher atada a grilhões,
Que aos nossos olhos desfila altaneira?
Vá que finja passar dessa maneira,
Foi senhora de bens e de milhões.

Antes ria alto e barrava os barões
E só respeitava sua bandeira
Feita de ímpeto e palavra cardeira,
De todos recebia bajulações.

O despudor que lhe penetrou a casa
E também instigou-lhe a índole impudica
levou-a ao jardim suspenso da perfídia.

Por isso hoje lhe cortaram a asa
E sem moral acorrentada fica,
Já seus bem jazem entregues a desídia
(Professor Alves, Maio de 2004)

terça-feira, 1 de março de 2011

OLÍMPIA RELAXADA


Deitada molemente
Sob o espelho
De roupa desprovida
O sangue ainda pulsa entre as fronhas.

Tem uma perna estirada
E a outra levemente curvada
E os sonhos de Eros excitando leviano suas nádegas.

A 180° vemos o rosto
Os seios arfantes
A silhueta como um pinho.

Vemos seu sexo úmido,
Entreaberto,
Na esperança de uma nova onda de volúpia.

Ah! Mortais, jamais saberemos
O que vai naquela alma.
Jamais saberemos o que ela sente.

É um mistério essa floresta chamada mulher!
Essa mulher depois de amar!

(Professor Alves 09/08/03)

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

CIDADANIA: ESSE É O CAMINHO

"Caminante no hay camino. Se hace camino al andar!"
 (Vitor Jara)

            É isso, amigo. Pessoas como Dom Edmilson e tantos outros, como Chico Buarque, Chico César precisam começar neste país uma campanha desse quilate. E cabe a nós, cidadãos de bem, dizer não a todo e qualquer político, a todo e qualquer partido. Porque atrelado que estejamos a qualquer um desses segmentos não poderemos abraçar campanhas desse tipo. Vou tentar me engajar de alguma forma nessa campanha e em outras similares, pois este é o caminho.

CIDADANIA: ESSE É O CAMINHO


A Semana > Entrevista Revista ISTO É
|  N° Edição:  2150 |  21.Jan.11 - 21:00 |  Atualizado em 27.Fev.11 - 12:45

Dom Manuel Edmilson da Cruz

"Votar em corrupto é votar na morte"
Bispo que rejeitou homenagem do Congresso lidera movimento para atrelar o reajuste dos parlamentares ao aumento do salário mínimo
Francisco Alves Filho
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INDIGNAÇÃO
Dom Edmilson diz que o brasileiro já

não suporta tanto desrespeito 

Os políticos costumam ser generosos quando seus salários são o assunto. Não há crise ou urgência de corte de gastos públicos que os constranjam. Invariavelmente, eles reajustam seus ganhos bem acima do patamar conseguido a duras penas pelos trabalhadores brasileiros. O último aumento auto-concedido pelos congressistas foi de nada menos que 61%, o que, considerando salários e benefícios, elevou para R$ 2 milhões o custo anual de cada um dos 81 senadores. Cada deputado federal passou a custar R$ 1,4 milhão anuais para o contribuinte. Mas este agrado ao próprio bolso, acertado com rapidez no final do ano passado, acabou provocando um movimento que se espalha pelo País: a defesa de uma lei que atrele o reajuste salarial dos parlamentares ao do salário mínimo e das aposentadorias.
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"O Congresso não tem ninguém do porte
de um Nelson Mandela, que baixou em
50% o valor de seus honorários”
No centro da articulação por esta nova lei está o bispo emérito de Limoeiro do Norte, no Ceará, dom Manuel Edmilson da Cruz. Ele vem recebendo e-mails de todo o País incentivando-o a assumir a liderança de uma campanha destinada a controlar o apetite dos parlamentares. Dom Edmilson, aos 86 anos, foi o responsável pela reação direta ao último aumento abusivo. Ele tinha sido convidado ao Senado, em dezembro, para receber a comenda dos Direitos Humanos Dom Helder Câmara, por sua luta em favor dos menos favorecidos do Nordeste. Da própria tribuna do Senado, no entanto, recusou a condecoração e deu um sermão nos parlamentares: “Isso (o aumento de 61%) é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão, à cidadã contribuinte”, disse dom Edmilson. “A comenda hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi dom Helder Câmara. Desfigura-a.” Com quase 50 anos como bispo e acostumado a enfrentar os poderosos do Nordeste – inclusive criticando frente a frente generais que pontificavam na época da ditadura militar –, ele afirma que o “representante do povo” que votou a favor do aumento não é digno de tal função. “Isso não é um parlamentar, é ‘para lamentar’.”
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“Qual candidato, por mais abortista que fosse,
iria dizer ao povo que era a favor? Foi inoportuno
tratar do aborto na campanha"
 

ISTOÉ - O seu discurso no Senado ainda repercute muito
Dom Edmilson – Recebo e-mails pedindo para que eu lidere uma campanha por todo o Brasil para tornar lei uma proposta segundo a qual os salários dos parlamentares devem ser reajustados pelo mesmo percentual concedido ao salário mínimo e às aposentadorias. Essa ideia está movimentando muitos grupos pelo País afora, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Rio de Janeiro, do Paraná, de Minas Gerais. É um movimento espontâneo, de cidadãos que sentem que não é possível continuar do jeito que está. A luta vai ser para transformar a proposta em projeto de lei. Por onde passo, recebo manifestações de apoio.

ISTOÉ – Qual seria o parâmetro para o aumento dos políticos?
Dom Edmilson – Concordo com a ideia de que o aumento dos políticos deveria ser o mesmo concedido ao salário mínimo. Isso daria um resultado muito grande como mudança de mentalidade. Passaríamos a fazer as coisas caminharem nos trilhos certos.
ISTOÉ – Alguns parlamentares defendem o percentual atual de aumento, dizendo que têm uma despesa muito alta...
Dom Edmilson – Isso não entra na minha cabeça. Tudo o que eles usam é pago com o nosso suor e o nosso trabalho. Há fatos que esses representantes fazem que não têm qualificação. Recentemente, um deles queria ressarcimento do erário público de uma noite de motel... Isso é razoável?? Uma pessoa tão bem remunerada cobrar do povo uma conta desse tipo? Não é possível aceitar uma coisa dessas

ISTOÉ – O sr. acha que forma de reajuste será mudada em curto prazo?
Dom Edmilson – Houve repercussão às minhas palavras e espero que haja algum efeito. Não porque fui eu que disse, mas porque essa é uma reclamação que está na alma do povo brasileiro. Sinto que o povo não está mais querendo aceitar esse tipo de coisa. Há uma exigência indignada por mudanças. Isso pode ter consequências, como desordens e coisas parecidas

ISTOÉ – O sr. vai participar de manifestações públicas?
Dom Edmilson – Recentemente, alguns estudantes me ligaram para ir a um evento público. Eu disse que não iria, nem ficaria bem, já que haveria também a presença de líderes partidários. Não apoio nem partidos nem candidatos. Poderei participar de qualquer debate sobre a ideia se não houver vinculação a algum partido. Entendo que não é tempo de aliança da Igreja com poder nenhum, seja de forma implícita ou explícita. Mas é tempo de colaboração com todos os poderes pelo bem do povo.

ISTOÉ – Qual deve ser a participação da Igreja na política nos dias de hoje?
Dom Edmilson – Há muitas possibilidades e muitas respostas para esta pergunta. Penso que no momento devemos colaborar para a formação da consciência cívica do cidadão. Nós herdamos uma tradição multisecular que veio de Portugal e Espanha em que, algumas vezes sem querer e sem notar, agimos como corruptos. Vou dar um exemplo. Imagine um sacerdote novo, cheio de boa vontade, que fique responsável por uma paróquia no sertão distante. Se esse padre quiser manter um colégio naquele lugar, vai passar por muito sofrimento, já que os pais não têm dinheiro para pagar e não se pode dispensar o aluno. Digamos que algum político queira ajudar e dê uma subvenção de R$ 1 milhão por quatro anos. O padre, no entanto, recebe R$ 900 mil e deve assinar como se tivesse recebido o total anunciado. Isso não é corrupção? Claro que sim, mesmo que haja muita boa vontade de ajudar o povo. Isso, infelizmente, acontece.

ISTOÉ – O que o levou a recusar a comenda naquela solenidade do final do ano passado?
Dom Edmilson – Estamos em um momento em que as aposentadorias estão baixas, o salário mínimo é insuficiente, os reajustes dos trabalhadores são ínfimos, como aconteceu com os motoristas de ônibus de Fortaleza que pediam 26% e ganharam apenas 6%. Pois em meio a essas injustiças, os parlamentares aprovam aquele aumento (de 61%) em seus vencimentos. Aquilo é uma bofetada nos contribuintes brasileiros, que são quase 200 milhões. Isso é insensibilidade, é desrespeito a si próprio e ao povo.
ISTOÉ – O sr. também foi acusado de ter desrespeitado o Congresso.
Dom Edmilson – Foi em respeito à instituição que fiz aquilo. Não quis afrontar ninguém. É uma questão de convicção, tento colaborar para o bem de todos. A minha fala teve uma repercussão muito grande porque coincidiu com o sentimento da populaçã

ISTOÉ – Como os senadores receberam as suas críticas?
 
Dom Edmilson – Alguns ficaram de cara emburrada, outros não. O Cristóvam Buarque vibrou, aplaudiu na hora. Houve quem argumentasse que as críticas deveriam ser consideradas no futuro, quando houvesse um novo reajuste, mas eu disse que essa atitude deveria ter sido tomada agora. Outro parlamentar disse que minha manifestação poderia ter sido feita de outro modo, em outro momento. Não. Era para ser naquele momento e naquele lugar. Eu estava dando uma colaboração ao dizer algo que tem a concordância da maioria absoluta do povo brasileiro. A população não apenas concorda, mas reage indignada. Digo com toda a humildade e sem querer dar lições a ninguém: temos ali no Congresso pessoas competentes, boas pessoas, grandes homens, mas ninguém ainda do porte de um Nelson Mandela, que, ao tomar posse na Presidência de seu país, fez baixar em 50% o valor de seus honorários.

ISTOÉ – O que o sr. acha do político que votou a favor desse aumento abusivo?
Dom Edmilson – Essa pessoa não representa o povo. Estará causando a morte de muitos, já que vão faltar recursos para a saúde, para o transporte, para a educação. E as pessoas morrem por causa disso. O que está por trás desses aumentos é algo muito profundo. É uma atitude inominável.

ISTOÉ – Qual a responsabilidade do eleitor na má qualidade dos políticos brasileiros?
 
Dom Edmilson – Vingou a ideia do ex-governador de São Paulo, Adhemar de Barros, que muitos diziam ser um grande administrador, mas que outros tantos também acusavam de roubo. E ele dizia: “Roubo, mas faço.” Agora, o pessoal pensa que todos os políticos são corruptos e os eleitores votam no candidato que acham que vai fazer alguma coisa, querem resultados. Com muita frequência, este político, depois de eleito, despreza a saúde, a educação... Aqui em Fortaleza temos pessoas em estado terminal espalhadas no corredor do Hospital Geral. O que o médico pode fazer, com 20 pessoas esperando por ele e sem recursos? Situações parecidas acontecem em outras cidades, até capitais. Isso ocorre porque a contribuição que deveria ir para a saúde é desviada. É uma coisa cruel demais. Por isso, cunhei a frase: votar em político corrupto é votar na morte.

ISTOÉ – Como o sr. viu a participação maciça de grupos religiosos na última eleição presidencial?
Dom Edmilson – Acho que os religiosos, sejam eles católicos, sejam evangélicos, tinham o direito de se manifestar contra o aborto. Mas, falar sobre o assunto naquela hora, puxar o assunto na campanha presidencial, achei inadequado. Naquele momento, qual o candidato, por mais “abortista” que fosse, que iria dizer ao povo brasileiro que era a favor do aborto? Criou-se um mal-estar desnecessário, foi inoportuno. Aborto não é um assunto religioso, é um assunto humano, é assunto relativo à vida.

ISTOÉ – Como o sr. vê o crescimento das denominações evangélicas? Estão tirando o espaço da Igreja Católica?
Dom Edmilson – Há muitos fiéis que saem das igrejas católicas, mas há muitos fiéis que saem também das outras religiões. O importante é que vejo que há uma sede de Deus, talvez pela insegurança que a população vem sofrendo. Observo que vez ou outra um engenheiro, um arquiteto, não apenas o povo mais humilde, pede ao padre uma bênção. Outro dia, uma senhora grávida pediu para que eu pusesse a mão em sua barriga para que abençoasse a criança que vai nascer. Mesmo em meio ao progresso tecnológico, ainda se mantém a fé, essa busca pela segurança divina.

NA ESCURIDÃO MISERÁVEL

FERNANDO SABINO  “Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o m...